A enxaqueca é uma das doenças neurológicas mais prevalentes, caracterizada por crises recorrentes de dor de cabeça moderada a intensa, frequentemente acompanhadas por sintomas associados que impactam a qualidade de vida dos pacientes. Ela afeta cerca de 12% da população mundial, sendo mais comum em mulheres.
Sintomas e Tipo de Dor
A dor da enxaqueca geralmente é descrita como pulsátil, unilateral (em um lado da cabeça), de intensidade moderada a grave, e pode durar de 4 a 72 horas quando não tratada. Além da dor, a crise de enxaqueca pode incluir:
- Náuseas e/ou vômitos
- Fotofobia (sensibilidade à luz)
- Fonofobia (sensibilidade ao som)
- Aura: sintomas neurológicos reversíveis que precedem ou acompanham a dor, como distúrbios visuais (luzes piscando, manchas), alterações sensitivas ou dificuldade na fala, presentes em cerca de 20-30% dos pacientes.
A dor pode ser agravada por atividades físicas rotineiras e frequentemente provoca incapacidade temporária.
Critérios Diagnósticos
O diagnóstico da enxaqueca é clínico e baseado nos critérios do International Classification of Headache Disorders (ICHD-3), desenvolvidos pela International Headache Society. Os principais critérios para enxaqueca sem aura incluem:
- Pelo menos 5 crises com duração de 4 a 72 horas (não tratada ou sem sucesso terapêutico)
- Dor de cabeça com pelo menos duas das seguintes características: unilateral, pulsátil, intensidade moderada a grave, piora com atividade física rotineira
- Durante a dor, presença de pelo menos um dos seguintes sintomas: náuseas e/ou vômitos, fotofobia e fonofobia
- Exclusão de outras causas secundárias de dor de cabeça.
A enxaqueca com aura inclui episódios neurológicos focais reversíveis, como sintomas visuais, sensoriais ou de linguagem, que duram de 5 a 60 minutos, seguidos pela dor típica da enxaqueca.
Tratamento
O tratamento da enxaqueca deve ser individualizado e dividido em duas frentes principais: tratamento agudo e preventivo.
- Tratamento agudo: visa aliviar a dor e os sintomas durante a crise. Analgésicos simples (paracetamol), anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e medicamentos específicos como os triptanos são os mais indicados. O uso deve ser criterioso para evitar o efeito rebote, que ocorre com o uso excessivo de analgésicos.
- Tratamento preventivo: indicado para pacientes com crises frequentes ou incapacitantes. Inclui medicamentos como betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes e antagonistas do receptor CGRP (peptídeo relacionado ao gene da calcitonina), que representam a terapia mais moderna e eficaz para prevenção em casos selecionados. Mudanças no estilo de vida, como regularidade no sono, hidratação adequada, alimentação equilibrada, controle do estresse e exercícios físicos, são essenciais no controle da doença.
Referências Bibliográficas
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