O ácido hialurônico (AH) é uma substância naturalmente presente no corpo humano, especialmente nas articulações, nos olhos e na pele. Sua principal função é lubrificar, hidratar e proteger os tecidos, contribuindo para a mobilidade e o bom funcionamento das articulações. Quando utilizado como tratamento, o ácido hialurônico pode ser uma ferramenta eficaz e segura para o controle da dor crônica, especialmente nas articulações.
O Que É e Como É Produzido?
O ácido hialurônico é um tipo de glicosaminoglicano, uma molécula que atrai e retém água, formando um gel viscoso. Essa característica é essencial para manter as articulações bem lubrificadas e protegidas contra o atrito.
O AH usado em tratamentos médicos é produzido em laboratório por meio de fermentação bacteriana, um processo biotecnológico que utiliza micro-organismos seguros para gerar uma versão purificada e biocompatível da substância. Esse produto é então aplicado por meio de injeções intra-articulares — um procedimento conhecido como viscosuplementação.
Como Ele Atua na Dor Crônica?
A dor crônica nas articulações é um problema comum em pessoas com:
- Osteoartrite (artrose)
- Condropatias
- Lesões articulares degenerativas pós-trauma
- Doenças reumáticas com componente degenerativo
Com o tempo, o líquido sinovial (que lubrifica as articulações) perde qualidade e quantidade de ácido hialurônico, aumentando o atrito entre os ossos e causando dor contínua, inflamação e rigidez. A injeção de AH tem os seguintes efeitos:
- Melhora a viscosidade do líquido sinovial, promovendo lubrificação e absorção de impacto
- Reduz o processo inflamatório local, modulando a atividade de citocinas e enzimas destrutivas
- Diminui a sensibilidade dos nervos locais à dor, oferecendo alívio prolongado
- Estimula a produção natural de AH pelo corpo e favorece o ambiente para regeneração da cartilagem
Esses efeitos fazem com que o ácido hialurônico seja uma alternativa eficaz e não farmacológica para pacientes com dor crônica articular, especialmente quando medicamentos orais (como anti-inflamatórios) não são suficientes ou causam efeitos colaterais.
Indicações para o Uso em Dor Crônica
O uso do AH é indicado principalmente em:
- Artrose de joelho, ombro, quadril e tornozelo
- Pós-cirurgias ortopédicas com dor persistente
- Casos em que o uso prolongado de medicamentos é contraindicado (como em idosos ou pacientes com doenças gástricas, renais ou cardiovasculares)
- Fases iniciais a moderadas de doenças articulares, com potencial de preservar a função
Estudos mostram que o efeito analgésico pode durar entre 4 a 6 meses, com melhora progressiva ao longo das aplicações. O tratamento pode ser repetido conforme a necessidade clínica.
Segurança e Tolerabilidade
O ácido hialurônico é bem tolerado pela maioria dos pacientes. Os efeitos adversos são raros e geralmente leves, como dor ou inchaço no local da aplicação. O ripsco de reações inflamatórias intensas ou infecções é muito baixo quando o procedimento é feito com técnica adequada por profissionais treinados.
Referências Bibliográficas
- Bannuru RR, Osani MC, Vaysbrot EE, et al. Comparative effectiveness of pharmacologic interventions for knee osteoarthritis: A systematic review and network meta-analysis. Ann Intern Med. 2019;172(1):46–54. doi:10.7326/M19-2140
- Altman RD, Manjoo A, Fierlinger A, et al. The mechanism of action for hyaluronic acid treatment in the osteoarthritic knee: a systematic review. BMC Musculoskelet Disord. 2015;16:321. doi:10.1186/s12891-015-0775-z
- Henrotin Y, Raman R, Richette P, et al. Consensus statement on viscosupplementation with hyaluronic acid for the management of osteoarthritis. Semin Arthritis Rheum. 2015;45(2):140-149. doi:10.1016/j.semarthrit.2015.04.011
- Zhang W, Nuki G, Moskowitz RW, et al. OARSI recommendations for the management of hip and knee osteoarthritis. Osteoarthritis Cartilage. 2010;18(4):476-499. doi:10.1016/j.joca.2010.01.013
Migliore A, Giovannangeli F, Granata M, Lagana B. Hyaluronic acid in the management of osteoarthritis: injection therapies innovations. Current Rheumatology Reports. 2019;21(10):49. doi:10.1007/s11926-019-0853-z